O mercado livre de energia encerrou agosto mantendo o ritmo constante de crescimento, mas com uma mudança significativa nos números. No mês, 655  novas Unidades Consumidoras (UCs) migraram para o ambiente livre, elevando o total para 14.781  migrações no acumulado de 2025.

Desde meados de 2024, o número mensal de novas migrações variava entre 1.000 e 2.500 UCs, sinalizando uma curva de adoção consistente. No entanto, o desempenho de setembro/2025 marca uma mudança relevante na dinâmica do mercado livre de energia, com apenas 655 migrações — o menor volume registrado até agora no ano.

Essa desaceleração pode estar relacionada a ajustes estratégicos dos consumidores ou ao esgotamento de alguns nichos prontos para a migração. Apesar disso, o ambiente livre continua atrativo, especialmente para agentes que oferecem soluções diferenciadas no modelo varejista, que seguem como porta de entrada para novos consumidores no ACL (Ambiente de Contratação Livre).

Mesmo com esse ritmo mais lento, o ano ainda apresenta um volume expressivo: 14.781 novas UCs migradas em 2025, reforçando o potencial do ACL como alternativa competitiva e crescente dentro do setor elétrico.

Neste artigo, apresentamos os dados atualizados do Ranking Varejista Thunders, com gráficos, análises e insights para você acompanhar as movimentações do mercado e se posicionar de forma estratégica.

Expansão do ambiente livre

O mercado livre de energia elétrica entra no último trimestre de 2025 com um novo cenário de comportamento na migração de Unidades Consumidoras (UCs). Em setembro, apenas 655 novas UCs migraram para o ambiente livre — o menor volume registrado em 2025.

Esse número reforça a tendência de queda contínua nas migrações mensais, como ilustra o gráfico abaixo. Desde o pico observado em fevereiro de 2024, o mercado vem apresentando uma trajetória descendente, com recuos sucessivos desde o segundo trimestre deste ano.

Contudo, essa retração pontual não significa estagnação do mercado. Quando observamos o gráfico de evolução acumulada do número de UCs varejistas sob gestão, fica evidente que a base do ACL segue em expansão. O total de UCs continua crescendo de forma consistente, mesmo diante da redução do volume mensal de novas adesões.

O que isso revela?

Essa divergência entre migração mensal e crescimento acumulado pode indicar que o mercado está atravessando um momento de maturação e reestruturação, no qual:

• As migrações deixam de ser impulsionadas por picos esporádicos;
• As comercializadoras passam a focar em retenção e qualificação da carteira;
• Novas UCs entram de forma mais planejada, refletindo uma lógica de mercado mais estável e estratégica.

Além disso, o atual cenário também pode sinalizar um ciclo de consolidação entre agentes varejistas, com maior profissionalização, fusões e crescimento orgânico — o que tende a reforçar a estrutura do ACL no médio e longo prazo.

Principais varejistas por número de UCs em 2025: concentração e liderança clara

Além do consumo mensal e da média anual, analisar o número total de Unidades Consumidoras (UCs) sob gestão ajuda a entender a amplitude de atuação dos principais varejistas no ACL.

Neste recorte, a CEMIG Geração lidera com 2.740 UCs, seguida de perto por Ultragaz COM (2.678) e Matrix COM (2.561), demonstrando forte presença tanto em volume quanto em penetração no mercado. Essas três comercializadoras somam quase 20% de todas as UCs varejistas do país, evidenciando um alto grau de concentração no topo da pirâmide, como você pode ver abaixo:

Na sequência, nomes como CPFL Brasil Varejista, Raízen Power, NC Energia e Enel Trading também se destacam, com mais de 1.300 UCs cada. Esse grupo intermediário reforça a robustez de carteiras já consolidadas e indica potencial para escalar posições no consumo agregado.

Por outro lado, o ranking também revela a presença de agentes emergentes, como Santa Maria Energia, ECOM-V, Prime Energy e outros que, embora com carteiras menores, vêm demonstrando crescimento progressivo — ocupando com consistência o top 20 de UCs.

Ranking de Consumo no Mercado Livre – Setembro/2025

Mesmo com o número de novas migrações em queda, conforme observado nos últimos meses, o mercado varejista de energia no ACL continua demonstrando robustez no consumo agregado. Os dados de setembro reforçam o movimento de consolidação das carteiras e fortalecimento das grandes comercializadoras.

• A CEMIG Geração segue dominante no topo do ranking de consumo no ACL, atingindo 207,9 MWm — seu maior volume mensal do ano até agora, ampliando ainda mais a liderança no segmento varejista.
• A Matrix COM manteve a segunda posição, com 165,4 MWm, registrando crescimento contínuo e reforçando sua presença entre os principais players do setor.

A movimentação de maior destaque, no entanto, veio da Ultragaz COM, que consolidou sua ascensão ao ultrapassar a EDP Smart e alcançar a terceira colocação, com 139,2 MWm consumidos. Esse crescimento reflete a consistência da base ativa da comercializadora, alinhando escala e estratégia de expansão.

A EDP Smart, agora em quarto lugar, registrou 130,8 MWm. Ainda que tenha mantido uma performance sólida, foi superada pelo ritmo de crescimento da Ultragaz.

Confira o Top 20 do consumo no ACL:

Entre os demais destaques:

• CPFL Brasil Varejista e Solenergias continuam entre os principais nomes da faixa intermediária, com mais de 95 MWm cada;
• Raízen Power e NC Energia seguem disputando posições centrais no ranking, ambas com volumes superiores a 84 MWm;
• No pelotão de entrada, nomes como Eletron, Esfera COM e Serena mantêm presença recorrente no Top 20, refletindo sua consolidação como novas forças do ACL.

Ranking de Consumo do Ano (Média Móvel – Setembro/2025)

Ao analisar a média móvel de consumo no ACL, nota-se que o mercado varejista de energia segue apresentando sinais claros de consolidação. Mesmo diante da recente desaceleração nas novas migrações, as comercializadoras líderes demonstram consistência e força na gestão de suas carteiras.

• A CEMIG Geração continua soberana no topo do ranking de comercializadoras por consumo acumulado, com 167,4 MWm de média nos últimos 12 meses. Essa estabilidade reforça sua posição como o principal player do modelo varejista no mercado livre.

• Na sequência, a Matrix COM mantém a vice-liderança com 136,6 MWm, demonstrando uma trajetória sólida ao longo do ano. Sua vantagem frente aos concorrentes sinaliza um posicionamento competitivo bem definido.

• Logo após, aparece a EDP Smart, com 115,3 MWm, sustentando o terceiro lugar. Embora tenha oscilado nos dados mensais recentes, sua base ativa mostra resiliência e continuidade.

• Por fim, o principal destaque de crescimento no ano vai para a Ultragaz COM, que atingiu 109,4 MWm de média anual. A empresa reduziu a distância para o top 3, refletindo uma estratégia bem-sucedida de escala no ACL e avanço no consumo total.

Confira o ranking completo:

Outros destaques

• CPFL Brasil Varejista e Solenergias mantêm presença forte no grupo intermediário, com 87,2 e 84,7 MWm respectivamente.

• A Enel Trading também aparece bem posicionada, com 75,8 MWm, reforçando a solidez de sua atuação nacional.

• Na faixa de consumo entre 55 e 65 MWm, o ranking apresenta estabilidade com NC Energia, AES Tietê, Comerc Power, Engie BR CVE e Raízen Power em disputa acirrada por posições no centro do ranking.

• Já entre os entrantes e players em ascensão, Prime Energy, 2W, Esfera COM e Casa dos Ventos Varejista seguem ganhando corpo com médias acima de 35 MWm.

• Na base do ranking, Serena, Eletron e Energisa COM completam o top 20 com desempenho mais discreto, mas mantendo presença contínua.

Os dados de setembro reforçam um cenário de ajuste e possível maturação do modelo varejista. Embora o topo da pirâmide permaneça estável — com 9 agentes operando acima de 1.000 UCs —, as movimentações nas faixas intermediárias revelam dinâmicas relevantes.

Faixas de Mercado: distribuição dos agentes

A segmentação dos varejistas por número de UCs revela movimentações pontuais e estabilidade no topo da pirâmide, com maior oscilação observada nas faixas intermediárias.

O número de agentes com mais de 1.000 UCs manteve-se estável em 9, reforçando a consolidação dessa elite do modelo varejista — composta por comercializadoras com operações robustas e atuação em escala nacional.

• A faixa de 101 a 500 UCs segue como a mais representativa do mercado, agora com 34 agentes ativos, dois a menos que no mês anterior. Apesar da leve retração, essa faixa ainda concentra o maior volume de disputas, sinalizando uma possível estabilização após meses de expansão contínua.

• Já a faixa de 51 a 100 UCs apresentou crescimento, com 19 agentes registrados — o que pode indicar uma movimentação de empresas em transição para camadas superiores, buscando escalar sua operação.

• Enquanto isso, as faixas iniciais (de 11 a 50 UCs e de 1 a 10 UCs) mantiveram-se estáveis, com 27 e 17 agentes respectivamente, demonstrando consistência na base de entrada do modelo varejista.

Em resumo, o mercado varejista de energia vive uma fase de equilíbrio delicado: ao mesmo tempo em que a liderança se consolida no topo, novos players seguem buscando escala, inteligência comercial e diferenciação para avançar. As faixas intermediárias, portanto, seguem como um termômetro valioso do amadurecimento competitivo no ACL.

Acompanhe a evolução do mercado varejista com a Thunders

O ACL segue em movimento — e entender quem são os protagonistas, como estão posicionados e quais estratégias adotam pode fazer toda a diferença na sua atuação. Por isso, o Ranking Varejista Thunders é atualizado mensalmente com os dados mais recentes da CCEE, trazendo uma leitura estratégica e acessível do setor.

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